Arpoador

Arpoador

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Náusea



Embrulho cavernoso
Desfigura meu semblante
Pálido
Triste
Face vazia
Olhar profundo
Profano
Perdido
Fundo
Castigado pelo desencontro
O ser humano
Desumano
Fome
Dor
Desespero
Desapego
Desilusão
Mentiras
Sofrimento
Esquecimento
Tudo é Ilusão
Não passa de um pesadelo
Contínuo sopro de realidade

domingo, 8 de maio de 2011


Na compressão do espaço
Na percepção do tempo
Na medida do desapego
Na imensidão dos mares
Na triste comoção da saudade
Na calmaria dos dias de domingo
Na frustração de mais um dia sem tê-la
Na mesmice visão hipotética do céu
Na confluência de um olhar
Na dúvida presente de um certo adeus
Na procura continua de momentos felizes
Na angústia de viver enclausurado
No desapontamento prestes a se revelar
No passado visto depois de tê-lo feito
No arrependimento de não ter feito antes
No presente medo de amar
No medo da solidão
Na angustia da ilusão
...
Vida mais ou menos
.
.
.
Vida boa é vida vivida

sábado, 7 de maio de 2011

Despencado


Tudo tínhamos simplesmente
Livros, discos, 
cadeiras, quadros
paredes e abajours
E o que é mais importante
tínhamos um ao outro

Tudo tínhamos simplesmente
Carinho, afeto,
cumplicidade, ternura
paixão e amor
um para com o outro
Isso sim era o mais importante

Mas chegou a hora
Perdemos tudo o que simplesmente tínhamos
Perdemos tudo e temos que ir embora
Pois essa hora chega
E chegada a hora
Tudo despenca
E leva tudo embora

E depois o que sobra?
Nenhum adeus, contato, palavras, sonhos
Apenas os livros, discos, sofá
Quadros, paredes, abajours;
matérias quaisquer que não lhe dizem nada;
E as lembranças que ficam marcadas;
Até um dia também nos deixar,
Se for possível